domingo, 15 de março de 2015

quarta-feira, 11 de março de 2015

O MADONNARO

"San Giovannino Battista" (2013). Madonnaro. M. Coelho. Verona (Itália)

Por toda a Itália observa-se artistas desenhando com giz pelo chão. Durante o ano são realizados eventos pelo país reunindo esses “artistas de estrada”. Essa técnica é conhecida como MADONNARO_ “Madonnari” quando no plural. Também os artistas que desenham com essa técnica são denominados “madonnari”. O Madonnaro ficou conhecido assim porque a maioria dos desenhos feitos no chão representavam a imagem da Madonna_ Virgem Maria. Ao longo do tempo, o Madonnaro expandiu-se por outros caminhos. Não se desenha somente a Madonna. Hoje existe o Madonnaro sobre tela e também o Madonnaro anamórfico (perspectiva, ilusão de ótica). Pelo mundo, e não somente na Itália, se pratica o Madonnaro. Vamos conhecer um pouco da história desta técnica?
Madonnaro, no contexto italiano, é o nome dado a todo aquele artista que representa por imagens a Virgem Maria, ou seja, a Madonna. Seja por meio de esculturas, pinturas, gravuras, etc. A história do Madonnaro nos leva às origens do Cristianismo. No momento em que ainda não existia a separação entre católicos e protestantes. Numa época em que são percebidas nas catacumbas de Roma as imagens de Maria com o Menino Jesus. A partir daquela imagem figurada na parede teve início a exploração artística do tema da Madonna. No início como divulgação da fé cristã e depois como objeto de adoração.
Enquanto técnica de pintura, o Madonnaro surgiu no século XVI, em Veneza (Itália). Alguns artistas começam a reproduzir no chão, utilizando-se de giz, cópias de Madonne pintadas por artistas famosos do Renascimento como, por exemplo, Rafael e Michelangelo. Daí o nome Madonnaro. Os artistas madonnari são chamados de “artistas de estrada” por não terem local fixo para executarem seus desenhos. Já naquele tempo iam pelos santuários a “(...) reproduzir as obras de Rafael ou de Michelangelo ou mais simplesmente o aumento de qualquer imagem reproduzida em ‘santinhos’.” (p. 18) Viviam das “ofertas” dadas por aqueles que passavam para lá e para cá.
O Madonnaro é uma obra pública e de tema livre. Por tradição é feito sempre ao ar livre. Isso o torna efêmero, ou seja, não possui durabilidade. Existe apenas no momento de sua criação. Logo é “(...) anulado pela primeira chuva ou pelos passos dos apressados pedestres.” (p. 40) Por outro lado, o fato de não ser uma arte durável, permite que o Madonnaro seja executado nos mais diversos lugares sem sujar ou danificar o local. O Madonnaro é uma arte que dialoga perfeitamente com o espaço físico (escola, casa, prédios, calçadas, etc.).
Como fazer um Madonnaro? O procedimento é bem simples: 1) Estudo da referência (Escolha do desenho; cópia num papel; observação da estrutura linear e das cores...); 2) Escolha do pavimento (observar se tem muito buraco ou irregularidades; eliminar gomas de chicletes; evitar áreas com marcas de graxas ou outro resíduo químico...); 3) Demarcação da área (quadrado/retângulo); 4) Quadrícula (dividir espaços com “cruzes” até formar uma malha que ajudará no transporte do desenho do papel para o chão); 5) Esboço do desenho com giz claro e linhas bem suaves; 6) Definição do desenho com linhas mais intensas; 7) Início da aplicação das cores. Vale lembrar que os primeiros Madonnari eram feitos com carvão, cacos de tijolo e giz.
O Madonnaro é uma técnica de arte bem barata. Também é uma atividade bastante lúdica (Quem nunca quis, mesmo quando criança, de desenhar com giz?). Mais que tudo isso, o Madonnaro é uma prática artística onde se podem explorar vários temas. Por meio do Madonnaro é possível “falar” o que se pensa ou sente. A cor, a linha e a forma são como as palavras que pronunciamos. Podemos ainda aprender sobre arte, sobre história, sobre matemática... sobre a vida.

BIBLIOGRAFIA:

NAALIN, Felice. L'arte dei madonnari. Le tecniche. Del segno e del colore. Giunti Demetra, 2000.