"San Giovannino Battista" (2013). Madonnaro. M. Coelho. Verona (Itália)
Por toda a
Itália observa-se artistas desenhando com giz pelo chão. Durante o ano são
realizados eventos pelo país reunindo esses “artistas de estrada”. Essa técnica
é conhecida como MADONNARO_ “Madonnari” quando no plural. Também
os artistas que desenham com essa técnica são denominados “madonnari”. O
Madonnaro ficou conhecido assim
porque a maioria dos desenhos feitos no chão representavam a imagem da Madonna_
Virgem Maria. Ao longo do tempo, o Madonnaro expandiu-se por outros
caminhos. Não se desenha somente a Madonna.
Hoje existe o Madonnaro sobre tela e também o Madonnaro
anamórfico (perspectiva, ilusão de ótica). Pelo mundo, e não somente na Itália,
se pratica o Madonnaro. Vamos conhecer um pouco da história desta
técnica?
Madonnaro, no contexto italiano, é o nome
dado a todo aquele artista que representa por imagens a Virgem Maria, ou seja,
a Madonna. Seja por meio de
esculturas, pinturas, gravuras, etc. A história do Madonnaro nos
leva às origens do Cristianismo. No momento em que ainda não existia a
separação entre católicos e protestantes. Numa época em que são percebidas nas
catacumbas de Roma as imagens de Maria com o Menino Jesus. A partir daquela
imagem figurada na parede teve início a exploração artística do tema da Madonna. No início como divulgação da fé
cristã e depois como objeto de adoração.
Enquanto
técnica de pintura, o Madonnaro surgiu no século XVI, em Veneza
(Itália). Alguns artistas começam a reproduzir no chão, utilizando-se de giz,
cópias de Madonne pintadas por artistas
famosos do Renascimento como, por exemplo, Rafael e Michelangelo. Daí o nome Madonnaro. Os artistas madonnari
são chamados de “artistas de estrada” por não terem local fixo para executarem
seus desenhos. Já naquele tempo iam pelos santuários a “(...) reproduzir as
obras de Rafael ou de Michelangelo ou mais simplesmente o aumento de qualquer
imagem reproduzida em ‘santinhos’.” (p. 18) Viviam das “ofertas” dadas por
aqueles que passavam para lá e para cá.
O Madonnaro
é uma obra pública e de tema livre. Por tradição é feito sempre ao ar livre.
Isso o torna efêmero, ou seja, não possui durabilidade. Existe apenas no
momento de sua criação. Logo é “(...) anulado pela primeira chuva ou pelos
passos dos apressados pedestres.” (p. 40) Por outro lado, o fato de não ser
uma arte durável, permite que o Madonnaro seja executado nos mais
diversos lugares sem sujar ou danificar o local. O Madonnaro é uma arte
que dialoga perfeitamente com o espaço físico (escola, casa, prédios, calçadas,
etc.).
Como fazer um Madonnaro?
O procedimento é bem simples:
1) Estudo da referência (Escolha do desenho; cópia num papel; observação da
estrutura linear e das cores...); 2) Escolha do pavimento (observar se tem
muito buraco ou irregularidades; eliminar gomas de chicletes; evitar áreas com
marcas de graxas ou outro resíduo químico...); 3) Demarcação da área
(quadrado/retângulo); 4) Quadrícula (dividir espaços com “cruzes” até formar
uma malha que ajudará no transporte do desenho do papel para o chão); 5) Esboço
do desenho com giz claro e linhas bem suaves; 6) Definição do desenho com linhas
mais intensas; 7) Início da aplicação das cores. Vale lembrar que os primeiros Madonnari
eram feitos com carvão, cacos de tijolo e giz.
O Madonnaro
é uma técnica de arte bem barata. Também é uma atividade bastante lúdica
(Quem nunca quis, mesmo quando criança, de desenhar com giz?). Mais que tudo isso, o
Madonnaro é uma prática artística onde se podem explorar vários temas.
Por meio do Madonnaro é possível “falar” o que se pensa ou sente. A cor,
a linha e a forma são como as palavras que pronunciamos. Podemos ainda aprender
sobre arte, sobre história, sobre matemática... sobre a vida.
BIBLIOGRAFIA:
NAALIN, Felice. L'arte dei madonnari. Le
tecniche. Del segno e del colore. Giunti Demetra, 2000.