O texto que segue foi parte de uma Carta de Intenção voltada à candidatura para cursar a Especialização "Impactos da violência na escola", oferecida pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca/FIOCRUZ/Universidade Aberta do Brasil. O curso teve início em outubro de 2016 e previsão de término em novembro de 2017. Eis o texto:
A
motivação em cursar esta pós-graduação voltada ao tema da violência na escola
reside no desafio de desdobrar nosso objeto de pesquisa em mais uma
possibilidade de ação pedagógica. A escola é o espaço em cheque na sociedade
contemporânea. É onde deveria nascer a oportunidade e, no entanto, consideradas
as exceções, naquele espaço morrem as esperanças. Porém, há que se considerar
que a escola é apenas um dos atores no processo da educação. Sozinha ela não resolverá
o problema. Esta visão sobre o papel da escola é orientada a partir de sua
responsabilidade social e cultural. A escola, orientada por um sistema
educacional questionável, pouco oferece para a autonomia do aluno. Este nada
compreende sobre direitos e deveres. O aluno apenas cumpre uma obrigação imposta
pela família (quando existe), pelo poder judiciário e/ou pelas estatísticas.
Enquanto
professor, vejo com tristeza a falta de perspectiva de meus alunos. Mais que
isso: vejo com temor a impossibilidade de intercomunicação. Em sala de aula
observo que os alunos não sabem dialogar. Tudo é ‘resolvido’ na base da
aspereza e da agressão verbal. É a violência se manifestando na escola via um
discurso de incompreensões. O que me faz lembrar um autor que li quando para
outra especialização, chamado Edgard Morin, o qual fala de Simbiosofia, ou
seja, a capacidade de viver junto. Inclusive, em um de seus livros, o autor
dedica um capítulo ao assunto “Ensinar a compreensão” como um d’Os
sete saberes necessários à
educação do futuro. Penso que a proposta de um curso que visa a
estudar a violência na escola, em consonância com a disciplina que leciono
(Arte), pode contribuir para a formação individual destes alunos e ainda para o
convívio coletivo. Suponho que os procedimentos para a criação artística possam
contribuir para a compreensão do processo da convivência em grupo.
A intenção em explorar o Madonnaro como instrumento pedagógico, no caso de um conteúdo
transversal como a Violência, é possibilitar ao aluno entender o processo de
formação do protagonismo como uma construção individual para o bem coletivo. A
arte provoca reflexão. Não penso o ensino artístico como algo messiânico, mas
entendo que o ensino da arte possibilita o conhecimento, a reflexão e a
possibilidade da experiência prática para a formação do indivíduo. A Arte abre
oportunidade para o novo; caberá ao aluno o papel de agente dessa mudança.
Dessa maneira acredito no Madonnaro
como instrumento para a reflexão da “Violência e suas manifestações na escola”.
REFERÊNCIA:
MORIN, Edgar. Os
sete saberes necessários à educação do futuro. Trad. Catarina Eleonora F.
Da Silva e Jeanne Sawaya; revisão técnica de Edgard de Assis Carvalho. 2ª Ed. S. Paulo: Cortez; Brasília: UNESCO, 2000.