quinta-feira, 21 de novembro de 2019

EDUCAÇÃO AO PATRIMÔNIO EM VEZ QUE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL

Durante a pesquisa para a dissertação de mestrado intitulada O lugar da Educação Patrimonial na escola: o Madonnaro como ferramenta de Educação ao Patrimônio (COELHO, 2019) se optou por adotar o termo ― Educação Patrimonial dado sua posição no discurso oficial no que tange aos processos educativos na área do patrimônio. Com o decorrer da pesquisa, porém, a expressão que melhor se apresentou como definição de educação voltada ao patrimônio cultural para utilização futura foi aquela de origem italiana: Educazione al patrimonio, ou, Educação ao Patrimônio. Trata-se de uma abordagem de educação que entende a apropriação do patrimônio cultural em primeira pessoa, em conformidade com o pensamento de De Troyer (2005). Ainda, no caso de uma recorrência à morfossintaxe da língua portuguesa, a preposição combinada com um artigo, no caso, 'ao', segundo Bechara, remete à ideia de meio, instrumento. Então, a preposição em questão aponta a educação como meio de acessar ao patrimônio cultural que retorna como objeto de exploração pedagógica. Contribuindo, assim, a um processo cíclico - e, portanto, contínuo, bem ao gosto freiriano (FREIRE, 1996). Foi então que a pesquisa encaminhou a opção pelo termo 'Educação ao Patrimônio' por esse se apresentar em consonância com a essência de uma abordagem pedagógica de mão dupla que tenha origem no patrimônio cultural que, ao mesmo tempo, facilita a sua apropriação por parte do ser humano enquanto destino final.

Referências:
COELHO, Marcelo Amaral. O lugar da Educação Patrimonial na escola: o Madonnaro como ferramenta de Educação ao Patrimônio. Dissertação (Mestrado Interdisciplinar). Rio de Janeiro: Instituto Multidisciplinar, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Nova Iguaçu, 2019. 165p.

DE TROYER, Veerle (org). Patrimonio Culturale in Classe: manuale pratico per gli insegnanti. Trad. Gian Paolo Castelli. Antwerpen (Bélgica); Apeldoom (Holanda): Garant, 2005. Disponível em: <http://schoolweb1.gemeenschapsonderwijs.be:8101/Files/HereducItaliaans.pdf>. Acesso em: 26 jul. 2017.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia – Saberes necessários à prática educativa. Coleção Leitura. 25ª Ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

terça-feira, 4 de junho de 2019

ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL: o Madonnaro Storico alimentando a criatividade



No dia 17 de maio de 2019, como parte da Semana da Alimentação Saudável, foi realizada uma atividade de Madonnaro com os alunos das turmas 400/401 do CIEP Brizolão 294 Candido Jorge Capixaba, na Praia do Saco, em Mangaratiba. Naquele dia a chuva impediu que muitos alunos chegassem à escola. O número de alunos presentes foi reduzidíssimo. Tanto que ambas as turmas somaram apenas cinco alunos. Mas isso não impediu a realização da atividade prevista.

A julgar pelos materiais, o Madonnaro Storico é aquele mais adequado ao espaço escolar. O carvão, o tijolo e o giz – que pode ser substituído pelo gesso de rebaixamento de teto – são materiais com baixo custo. Foi com eles que se realizou a atividade com os alunos do 4º ano. Naquela tarde chuvosa os alunos foram direcionados para a parte externa da sala de aula. O grupo ocupou a área ao lado da rampa de entrada para o prédio do CIEP. A atividade teve início com o professor demarcando a área a ser ocupada pelo desenho. Em seguido, o mesmo tratou de estender o desenho pelo chão. Logo as linhas deram origem a uma natureza morta composta de três frutas. Aos alunos foi delegada a função de “pintar” a obra. O objetivo era trabalhar o tema voltado à alimentação saudável e proporcionar aos alunos a oportunidade de experimentar materiais inusitados para fazer arte. O piso coberto por pequenos blocos de cimento proporcionou um aspecto de mosaico ao trabalho final.

domingo, 19 de maio de 2019

MARIA DE LOURDES PARREIRAS HORTA: Educação Patrimonial no Arquivo Nacional

O link abaixo remete à página do Arquivo Nacional, no Facebook, onde é possível assistir a gravação da palestra de Maria de Lourdes Parreiras Horta sobre a "Lição das coisas - uma interação produtiva entre a educação e o patrimônio", dentro da 17ª Semana de Museus. Como parte do evento nacional e integrante da programação interna (Arquivo em prosa), o Arquivo Nacional, no centro do Rio, resolveu falar sobre Educação Patrimonial. Segue o link: https://www.facebook.com/arquivonacionalbrasil/videos/1004574706399880/?eid=ARB_uBcPnZkJxfffVAOZmKnD0aDRA_APt4W0njfLedmwkNDp7YTqifzqThtzJ_NNDr2msPSxtzRvkWT

sábado, 11 de maio de 2019

O MADONNARO COMO SUPORTE PEDAGÓGICO PARA ALÉM DA ARTE


Este resumo (1) por objetivo apresentar o Madonnaro como instrumento pedagógico e sua exploração em sala de aula como recurso para pensar questões além da arte. Essa exploração teria origem na percepção de repensar a prática de sala de aula a partir da vivência como professor de artes visuais. O que é o Madonnaro? Transcorria o século XVI quando mendicantes resolvem, reproduzir imagens da Madonna pelo chão durante as festividades em honra da Mãe de Jesus. Daí o nome ‘Madonnaro’ para a prática e ‘madonnaro’ para classificar aqueles reproduziam tais imagens. Aproveitando o contexto religioso, mercantil e cosmopolita de Veneza aqueles mendicantes conseguiam uns trocados para sua sobrevivência. Para a execução daquelas imagens efêmeras, os mendicantes lançavam mão de cacos de tijolos, carvão, gesso e alguma terra colorida. Materiais estes que podiam ser encontrados pelo caminho. Surgia assim, a prática do Madonnaro (NALIN, 1982; NAALIN, 2000; COELHO, 2015). A metodologia a ser explorada no trabalho foi aquela da leitura de referências teóricas e fontes documentais, além da observação participante (VELHO, 1978). Algumas experiências de sala de aula serão relatadas. Acredita-se que um trabalho nesse sentido venha a servir de referência para futuras pesquisas e ações na área de educação, especificamente – mas não unicamente – em artes visuais, contribuindo assim, de maneira freiriana, no diálogo com outras áreas e campos do conhecimento, para a transformação suporte – mundo – em existência – vida (FREIRE, 1996). Possibilitando que a vida deixe de ser biologia para se fazer biografia (FIORI in FREIRE, 1987).



REFERÊNCIAS:

COELHO, Marcelo A. Madonnaro: gênero, técnica e linguagem pictórica. Monografia de Graduação em Licenciatura em Belas Artes, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica (RJ), 2015.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia – Saberes necessários à prática educativa. 25ª Ed. São Paulo (SP): Paz e Terra, 1996.
________. Pedagogia do Oprimido. 17ª Ed. Rio de Janeiro (RJ): Paz e Terra, 1987.
NAALIN, Felice. L'arte dei madonnari. Le tecniche. Del segno e del colore. Milano (Itália): Giunti Demetra, 2000.
NALIN, Felice. I Madonnari. Annunciatori di anziane storie. Verona (Itália): Edizioni MG, 1982.
VELHO, Gilberto. “Observando o Familiar”. In: NUNES, Edson (org). A Aventura Sociológica. Rio de Janeiro (RJ): Zahar, 1978.


1. Resumo enviado e aprovado ao XVI Seminário Discente PPCIS/UERJ 2018.

segunda-feira, 6 de maio de 2019

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL EM MANGARATIBA: seu lugar no currículo


Hoje aconteceu o segundo colegiado de Arte da rede municipal de Mangaratiba com vistas a ajustar a proposta curricular ao que prevê a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A reunião se deu no CIEP Brizolão 294 Candido Jorge Capixaba, na Praia do Saco. Como recomenda o documento oficial, aproveitando as aulas com o 8º ano, momentos antes de iniciar o colegiado, propus uma reflexão quanto ao que previa a proposta curricular. Dispus os objetos de conhecimento e os objetivos de aprendizagem no quadro e depois fomos lendo e comentando ponto por ponto. A proposta previa para o segundo bimestre com as turmas de 8º ano os seguintes objetos de conhecimento: Cor luz e cor pigmento: análogas, complementares e isocromia; Romantismo; Ritmo; Movimentos musicais urbanos; e Marchinhas.
Foi comentando sobre o Romantismo como sinônimo de “morrer de amores pela terra natal” que provoquei os alunos sobre como eles apresentariam a cidade de Mangaratiba a quem é de fora. Os alunos que se dispuseram a falar responderam: “Não venha para Mangaratiba!”. Ressaltaram problemas como a insegurança e a poluição. Reparei que nenhum deles disse dos patrimônios culturais da cidade. O Solar Barão do Sahy, a Fundação Mário Peixoto, a igreja de N. S. da Guia e outros patrimônios mangaratibenses não foram citados. Conclusão: os alunos não conheciam seu próprio território e cultura.
Foi quando aproveitei para um panorama sobre alguns desses bens culturais e a possibilidade de explorá-los cognitivamente e também como fonte de renda. Disse de como eles poderiam atrair pessoas para conhecer esses patrimônios culturais e o quanto isso poderia gerar receita econômica para o município e para as famílias. Incentivei-os a reconhecer a sua ‘terra’ como sinônimo de identidade e pensar uma atuação social para tentar reverter as situações que eles mesmos relataram como sendo problemas.
A partir disso foi sugerido por mim de acrescentar a Educação Patrimonial aos objetos de conhecimento do segundo bimestre. Na verdade, realizar uma ‘transferência’ já que o tema constava no terceiro bimestre. Os alunos concordaram. Então, a sugestão foi levado ao colegiado que também aprovou a ‘transferência’. Assim, nesse segundo bimestre, na rede municipal de Mangaratiba, no 8º ano do ensino fundamental, a Educação Patrimonial será alvo de debates, discussões, contextualizações e outras possibilidades de exploração pedagógica. Melhor: na medida do possível, uma decisão tomada a partir do diálogo entre aqueles que habitam o universo escolar.