O link abaixo remete à página do Arquivo Nacional, no Facebook, onde é possível assistir a gravação da palestra de Maria de Lourdes Parreiras Horta sobre a "Lição das coisas - uma interação produtiva entre a educação e o patrimônio", dentro da 17ª Semana de Museus. Como parte do evento nacional e integrante da programação interna (Arquivo em prosa), o Arquivo Nacional, no centro do Rio, resolveu falar sobre Educação Patrimonial. Segue o link: https://www.facebook.com/arquivonacionalbrasil/videos/1004574706399880/?eid=ARB_uBcPnZkJxfffVAOZmKnD0aDRA_APt4W0njfLedmwkNDp7YTqifzqThtzJ_NNDr2msPSxtzRvkWT
Blog destinado a registrar os resultados obtidos em pesquisas no campo da arte do Madonnaro e da Educação ao Patrimônio. O Madonnaro é uma técnica italiana de pintura sobre o pavimento, surgida no séc. XVI, que faz uso de materiais efêmeros como o giz, o carvão, o tijolo, etc. A Educação ao Patrimônio é um campo transversal de conhecimento (IPHAN, 2005) centrado no Patrimônio Cultural como fonte primária.
domingo, 19 de maio de 2019
terça-feira, 14 de maio de 2019
sábado, 11 de maio de 2019
O MADONNARO COMO SUPORTE PEDAGÓGICO PARA ALÉM DA ARTE
Este
resumo (1) por objetivo apresentar o Madonnaro como instrumento
pedagógico e sua exploração em sala de aula como recurso para
pensar questões além da arte. Essa exploração teria origem na
percepção de repensar a prática de sala de aula a partir da
vivência como professor de artes visuais. O que é o Madonnaro?
Transcorria o século XVI quando mendicantes resolvem, reproduzir
imagens da Madonna pelo chão durante as festividades em honra da Mãe
de Jesus. Daí o nome ‘Madonnaro’ para a prática e ‘madonnaro’
para classificar aqueles reproduziam tais imagens. Aproveitando o
contexto religioso, mercantil e cosmopolita de Veneza aqueles
mendicantes conseguiam uns trocados para sua sobrevivência. Para a
execução daquelas imagens efêmeras, os mendicantes lançavam mão
de cacos de tijolos, carvão, gesso e alguma terra colorida.
Materiais estes que podiam ser encontrados pelo caminho. Surgia
assim, a prática do Madonnaro (NALIN, 1982; NAALIN, 2000; COELHO,
2015). A metodologia a ser explorada no trabalho foi aquela da
leitura de referências teóricas e fontes documentais, além da
observação participante (VELHO, 1978). Algumas experiências de
sala de aula serão relatadas. Acredita-se que um trabalho nesse
sentido venha a servir de referência para futuras pesquisas e ações
na área de educação, especificamente – mas não unicamente –
em artes visuais, contribuindo assim, de maneira freiriana, no
diálogo com outras áreas e campos do conhecimento,
para
a transformação suporte – mundo – em existência – vida
(FREIRE, 1996). Possibilitando que a vida deixe de ser biologia para
se fazer biografia (FIORI in
FREIRE, 1987).
REFERÊNCIAS:
COELHO,
Marcelo A.
Madonnaro: gênero, técnica e linguagem pictórica. Monografia de
Graduação em Licenciatura em Belas Artes, Instituto de Ciências
Humanas e Sociais, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro,
Seropédica (RJ), 2015.
FREIRE,
Paulo. Pedagogia
da Autonomia
– Saberes necessários à prática educativa. 25ª Ed. São Paulo
(SP): Paz e Terra, 1996.
________.
Pedagogia do Oprimido. 17ª Ed. Rio de Janeiro (RJ): Paz e Terra,
1987.
NAALIN,
Felice. L'arte
dei madonnari.
Le tecniche. Del segno e del colore. Milano
(Itália): Giunti Demetra, 2000.
NALIN,
Felice. I Madonnari. Annunciatori di anziane storie. Verona (Itália):
Edizioni MG, 1982.
VELHO,
Gilberto. “Observando o Familiar”. In: NUNES, Edson (org). A
Aventura Sociológica. Rio de Janeiro (RJ): Zahar, 1978.
1. Resumo enviado e aprovado ao XVI Seminário Discente PPCIS/UERJ 2018.
segunda-feira, 6 de maio de 2019
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL EM MANGARATIBA: seu lugar no currículo
Hoje aconteceu o segundo
colegiado de Arte da rede municipal de Mangaratiba com vistas a
ajustar a proposta curricular ao que prevê a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC). A
reunião se deu no CIEP Brizolão 294 Candido Jorge Capixaba, na
Praia do Saco. Como
recomenda o documento oficial, aproveitando as aulas com o 8º ano,
momentos antes de iniciar o colegiado, propus uma reflexão quanto ao
que previa a proposta curricular. Dispus os objetos de conhecimento e
os objetivos de aprendizagem no quadro e depois fomos lendo e
comentando ponto por ponto. A proposta previa para o segundo bimestre
com as turmas de 8º ano os seguintes objetos de conhecimento: Cor
luz e cor pigmento: análogas, complementares e isocromia;
Romantismo; Ritmo; Movimentos musicais urbanos; e Marchinhas.
Foi
comentando sobre o
Romantismo como sinônimo de “morrer de amores pela terra natal”
que provoquei os alunos sobre como eles apresentariam a cidade de
Mangaratiba a quem é de fora. Os alunos que se dispuseram a falar
responderam: “Não venha para Mangaratiba!”. Ressaltaram
problemas como a insegurança e a poluição. Reparei que nenhum
deles disse dos patrimônios culturais da cidade. O Solar Barão do
Sahy, a Fundação Mário Peixoto, a igreja de N. S. da Guia e outros
patrimônios mangaratibenses não foram citados. Conclusão: os
alunos não conheciam seu próprio território e cultura.
Foi
quando aproveitei para um panorama sobre alguns desses bens culturais
e a possibilidade de explorá-los cognitivamente e também como fonte
de renda. Disse de como eles poderiam atrair pessoas para conhecer
esses patrimônios culturais e o quanto isso poderia gerar receita
econômica para o município e para as famílias. Incentivei-os a
reconhecer a sua ‘terra’ como sinônimo de identidade e pensar
uma atuação social para tentar reverter as situações que eles
mesmos relataram como sendo
problemas.
A
partir disso foi sugerido por mim de acrescentar a Educação
Patrimonial aos objetos de conhecimento do segundo bimestre. Na
verdade, realizar uma ‘transferência’ já que o tema constava no
terceiro bimestre. Os alunos concordaram. Então, a sugestão foi
levado ao colegiado que também aprovou a ‘transferência’.
Assim, nesse segundo bimestre, na rede municipal de Mangaratiba, no
8º ano do ensino fundamental, a Educação Patrimonial será alvo de
debates, discussões, contextualizações e outras possibilidades de
exploração pedagógica. Melhor: na medida do possível, uma decisão
tomada a partir do diálogo entre aqueles que habitam o universo
escolar.
domingo, 5 de maio de 2019
OS HOMENS-MEMÓRIA FAZENDO DIFERENÇA NA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL
(Texto originalmente apresentado a uma turma de 7º ano, do Instituto Educacional Zion, em Itaguaí (RJ), no ano de 2018).
Uma
reflexão quanto aos homens memórias implica pensar a definição
das palavras. A palavra “Homem” vem dimensionada no Webster’s
Dictionary 1828 como:
(s.m.) 1. humanidade; a raça humana; toda a espécie de seres
humanos; seres distinguidos de todos os outros animais pelos poderes
da razão e da fala, bem como pela sua forma e aspecto digno; 2. Um
indivíduo do sexo masculino da raça humana; 3. Um macho da raça
humana; usado frequentemente em palavras compostas, ou na natureza de
um adjetivo; como um homem-criança; homens cozinheiros;
homens-servos”.
Cabe
ressaltar que a definição nº 3 parece aquela que melhor se adapta
ao conceito de homem abordado neste texto. A palavra “Homem” vem
composta de outra que mais que lhe conferir uma ‘qualidade’ pode
expressar sua ‘identidade social’, seu vínculo com o grupo.
Por
sua vez, o substantivo feminino ‘Memória’, da
raiz grega ‘mente’ significa “a faculdade da mente pela qual
ela retém o conhecimento de eventos passados, ou de ideias passadas”
(WEBSTER 1828 BRASIL). No caso, o termo ‘retém’ é mais que
guardar para si mesmo; pode ser entendido como conservar para
compartilhar. A memória, primeiro até pode ser individual, mas se
ela não for socializada, morre como uma vaga lembrança. Eis o que
escreveu Jacques Le Goff (1990, p. 477): “A memória,
onde cresce a história, que por sua vez a alimenta, procura salvar o
passado para servir o presente e o futuro. Devemos trabalhar de forma
a que a memória sirva para a libertação e não para a servidão
dos homens”.
Assim
sendo, vale a pena raciocinar sobre os homens-memória. Esses homens
eram um patrimônio cultural das sociedades da oralidade: Nestas
sociedades sem escrita há especialistas da memória, homens-memória:
“genealogistas”, guardiões dos códices reais, historiadores da
corte, “tradicionalistas”, dos quais Balandier [...] diz que são
“a memória da sociedade” e que são simultaneamente os
depositários da história “objetiva” e da história
“ideológica”, para retomar o vocabulário de Nadel (LE GOFF,
1990, p. 429).
Os
homens memórias eram ‘responsáveis’ por compartilhar com as
novas gerações os tesouros culturais do passado. Preservando assim
a vida em sua dimensão social, cultural, espiritual e até mesmo
fisiológica. Na maioria das vezes os homens memórias eram idosos
que, pela longa estrada de vida, eram detentores dos conhecimentos
referentes ao grupo do qual fazia parte. Leroi-Gourhan (LE GOFF,
1990, p. 429), dentre outros, reconhece os idosos como personagens
“na humanidade tradicional, o importantíssimo papel de manter a
coesão do grupo”.
Na
Bíblia a velhice aparece representada de maneira poética na
metáfora dos cabelos brancos (Prov. 16.31; Sal. 71.18; Is. 46.4; Dn
7.9; Jó 15.10). O respeito
foi requerido por Moisés aos homens memória quando escreveu:
“Fiquem de pé na presença das pessoas idosas e as tratem com todo
o respeito” (Lv 19.32 apud ULTIMATO,
1999). O ‘sofrido’
Jó (8.8) dá uma dica: “Indaga às gerações passadas, e
considera o aprendizado que seus pais acumularam”. A todo o
momento, na Bíblia, é estimulada a valorização dos homens-memória
por meio da interação respeitosa, educativa e dialógica.
Em A
República, Platão escreve uma experiência entre Sócrates e
Céfalo, pai de Polemarco. Ao visitar aquele idoso Sócrates ouviu
dele o pedido de aparecer mais vezes já que não podia mais se
locomover com facilidade e circular pela cidade: “Ó Sócrates, tu
vens muito raramente ao Pireu para nos visitar. Mas devias fazê-lo
mais vezes, (...). Fica sabendo bem: à medida que vão murchando
para mim os prazeres físicos, nessa mesma aumentam o desejo e o
prazer da conversa” (PLATÃO, 2005, p. 08). Naturalmente essas
conversas figuram reminiscências de fatos passados.
Então,
Sócrates destaca a riqueza dessa conversa: “Certamente, ó Céfalo
– disse eu –, pois é para mim um prazer conversar com pessoas
mais velhas. Efetivamente, parece-me que devemos informar-nos junto
delas, como de pessoas que foram à nossa frente num caminho que
talvez tenhamos de percorrer, sobre as suas características, se é
áspero e difícil, ou fácil e transitável” (PLATÃO, 2005, p.
08). A partir daí iniciam um fecundo bate-papo sobre a vida e a
velhice...
Os
homens-memória estão relacionados ao patrimônio cultural por serem
detentores de significados culturais que outras formas de
‘transmissão’ como a escrita, a Imprensa, a mídia eletrônica e
a internet não foram nem são capazes de fazê-lo. A existência dos
homens-memória se justifica pela interação social: são adiantados
em idade, mas estão vivos; se estão vivos necessitam, podem e têm
direito a se relacionar com o outro. Sem os relacionamentos
interpessoais não há compartilhamento e apropriação do patrimônio
cultural. Daí que a aprendizagem de competências e princípios como
o respeito, o diálogo, o caráter e tantos outros podem fazer a
diferença nessa ‘modalidade’ de Educação Patrimonial.
REFERÊNCIAS:
BÍBLION.
Velhice na Bíblia.
Disponível em: <https://www.bibliaon.com/velhice/>.
Acesso em: 24 de outubro de 2018.
LE
GOFF, Jacques. Memória. In: _______. História
e memória. Trad.
Bernardo Leitão... [et
al.].
Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1990, p. 423-483.
PLATÃO.
Sócrates. In: ________. A
República. Trad.
Heloisa da Graça Burati. São Paulo (SP): Rideel, 2005, p. 07-36.
ULTIMATO.
A Bíblia e o idoso. Revista
Ultimato, Viçosa
(MG), Ed. 259, Julho-Agosto, 1999. Disponível em:
<https://www.ultimato.com.br/revista/artigos/259/a-biblia-e-o-idoso>.
Acesso em: 24 de outubro de 2018.
WEBSTER
1828 BRASIL.
Disponível em: <http://www.dicionario1828.com/>.
Acesso em: 24 de outubro de 2018.
WEBSTER’s
DICTIONARY 1828.
Disponível em: <http://webstersdictionary1828.com/>.
Acesso em: 24 de outubro de 2018.
sexta-feira, 3 de maio de 2019
quarta-feira, 1 de maio de 2019
FAMÍLIA: um patrimônio cultural vivo
“Non c’è nulla di più bello che vedere una famiglia seduta a tavola, tra gioia e risate . . .”. Assim escreveu o poeta C.S. Lewis citado por Samra (2019). Traduzindo, o poeta irlandês disse: "Não há nada mais belo que ver uma família sentada à mesa, entre alegrias e risadas...". Nesse pequeno comentário é possível identificar uma metodologia de educação informal que vai refletir na educação formal: o riso como ação educativa para as relações interpessoais. Mais: isso é ainda Educação Patrimonial!
Horta et al. (1999), no Guia Básico de Educação Patrimonial, entende as relações interpessoais como "patrimônio vivo". Nessas relações estão a culinária, os modos de falar e fazer, etc. Coisas estas presentes à mesa. Dentro desse conceito de patrimônio vivo, Grunberg (2007) sustenta ser a vida o primeiro patrimônio cultural que temos. Não há vida sem família! Então, preservar esse patrimônio cultural é investir no diálogo. No diálogo se dão as ações de Educação Patrimonial para a manutenção, esquecimento e inovações das práticas culturais.
REFERÊNCIAS:
GRUNBERG, Evelina. Manual de atividades práticas de educação patrimonial. Brasília, DF: IPHAN, 2007.
REFERÊNCIAS:
GRUNBERG, Evelina. Manual de atividades práticas de educação patrimonial. Brasília, DF: IPHAN, 2007.
HORTA, Maria de Lourdes Parreiras; GRUNBERG, Evelina; MONTEIRO, Adriane Queiroz. Guia básico de educação patrimonial. Petrópolis: Museu Imperial- DEPROM; Brasília: IPHAN/MinC, 1999. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/uploads/temp/guia_educacao_patrimonial.pdf.pdf>. Acesso em: 20 de junho de 2017.
SAMRA, Lisa M. Ricette Bibliche. 2019. Disponível em: <https://ilnostropanequotidiano.org/2019/05/01/ricette-bibliche/>. Acesso em: 01 de maio de 2019.
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