O texto que segue é uma tradução livre de uma matéria de jornal (foto acima) publicada na página do Facebook do Museo dei Madonnari de Curtatone, na Itália (1). A matéria traz informações sobre a organização do Encontro Nacional de Madonnaro, realizado em 1973. Segue:
O concurso dos artistas
do giz entre tradição, arte e cultura popular – Cesare Spezia, do Museu dos
Madonnari, conta a história da manifestação nascida em agosto de 1973 por
iniciativa de Dino Villani. A primeira edição contou com dez participantes.
Cesare Spezia é o símbolo por
excelência dos madonnari das Graças. Ele
não é um madonnaro, mas foi o ponto
de referência para os artistas do giz desde sua chegada à pequena localidade
sobre as margens do rio Mincio, em início dos anos 1970. Foi, dentre outros, um
dos fundadores do Museu dos Madonnari
e do CIM (Centro Italiano Madonnari), onde ainda hoje trabalha. É uma viagem
fascinante no tempo aquela que se pode fazer através de suas histórias, as quais
contam dos artistas que fizeram de Grazie di Curtatone o centro por excelência
da pintura sobre estrada na Itália.
“O Encontro Nacional dos Madonnari,
Prêmio Gessetto d’Oro teve início em
15 de agosto de 1973 sobre a pracinha à frente do Santuário de Santa Maria das
Graças – explica Spezia. Se trata do primeiro concurso para pintores de estrada
jamais antes realizado. À primeira edição estiveram presentes dez pintores,
entre os quais eram alguns de mestiere,
definidos como ‘pintores de calçadas’; outros eram pintores naifs da
localidade. A obra pictórica devia ser de tema sacro, reconhecido pela tradição
cristã popular, e devia ser realizada
segundo os ditames da arte madonnara, ou seja, rigorosamente a giz, a seco,
diretamente sobre o calçamento de pedras da praça e no tempo reduzido até o
final da manhã. A ideia – continua – nasceu de alguns pesquisadores mantovanos
de tradições populares em via de extinção e foi inspirado por uma canção em
voga à época de título “La ballata del pittore”, de Nanni Svampa, que falava de
um pintor de estrada e das suas desventuras”.
Porque exatamente em Grazie di
Curtatone? Quem teve esta ideia? “A localidade por poder experimentar semelhante
manifestação foi sugerida por Dino Villani (pintor e idealizador de manifestações
populares, entre as quais “Miss Itália”) em Grazie, durante a Antiquíssima
Feira de 15 de Agosto (Assunção de Maria), uma festa já muito frequentada. O
projeto – disse spezia - foi elaborado por Gilberto Boschesi (então
vice-presidente do Órgão de Turismo de Mântua, pesquisador de tradições
populares e idealizador de iniciativas folclóricas) e de Maria Grazia
Fringuellini (Assessora de Imprensa do Órgão de Turismo) e proposto à
Prefeitura de Curtatone e à Pro loco, para impulsionar a Feira das Graças. A
iniciativa teve rápido sucesso, também pela presença no júri do conhecido
jornalista de TV Enzo Tortora e a mobilização de muitas manchetes jornalísticas
em nível nacional, trazendo uma atração de tanta originalidade. O encontro, com
o anexo concurso que premia o melhor artista, constitui de fato a primeira
disputa entre pintores de estrada que se tenha memória. E assim, dos dez
artistas da primeira edição, se chegou a duzentos participantes, e que agora o
número está em torno de cento e cinqüenta artistas. Foi durante a primeira
edição do concurso de Grazie que a Imprensa os denominou em definitivo de
“Madonnari”. Aos velhos artistas, no tempo, se aproximaram jovens freschi vindos da Academia, que trocaram
a simples iconografia da pintura popular por pinturas de notáveis dimensões e
de genial elaboração – conclui Spezia. A célebre obra “Juízo Final”, pintada na
ocasião da visita papal de 1991 e projetada pelo americano Kurt Wenner, traçou
um claro sulco entre a velha tradição e o novo. O resto é atualidade”.
1 - ANTICHISSIMA FIERA DELLE GRAZIE. Il concorso degli artisti del gessetto tra
tradizione, arte e cultura popolare. Disponível
em: <https://www.facebook.com/AntichissimaFieraDelleGrazie/photos/a.128696990606136.27469.120259808116521/766121346863694/?type=3&theater>. Acesso em: 16 de agosto de 2016.
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