terça-feira, 30 de abril de 2019

UMA AULA DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL EM PORTO REAL

Hoje pude conhecer a Casa do Imigrante, um memorial à cultura italiana em Porto Real, cidade no sul do Rio de Janeiro. O local é repleto de fotografias, quadros, receitas culinárias, objetos e outros patrimônios que contam a história das pessoas que fizeram aquele lugar. Pessoas que deixaram suas raízes na Itália e vieram plantar novas histórias por aqui.

Após percorrer o espaço, já próximo da saída, me deparo com um casal de idosos. Pergunto: "_São italianos?". A senhora responde antes que o senhor o fizesse: "_ Ele é descendente!". Me atrevo: "De qual região na Itália?". Ele então tem a oportunidade de falar: "_ Modena". Foi o bastante para iniciarmos uma breve conversa ou quase isso...

Nos poucos minutos que firmamos relacionamento, mais ouvi do que falei. Foi quando entendi o que Platão quis dizer em A República quando escreveu que, à medida que vão murchando a força física, vai aumentando o prazer pela conversa. Só que ele não disse que seria uma conversa-terapia. Entendi que o idoso precisa falar... E nós, os mais jovens, apenas devemos ouvir.

E foi quando se deram aulas de Educação Patrimonial. Aquele casal era, em si, um verdadeiro patrimônio cultural. Ele contou, quando ela deixou, que fora criado em Porto Real até os 16 anos. Depois seguiu para Resende. Trabalhou anos afinco na fábrica de açúcar - que movimentara a economia local no passado. Pegou-me pelo braço e me conduziu a ver a foto de sua avó, uma das primeiras imigrantes a chegar ali. A senhora disse que essa avó, já coroada com a velhice, ainda apanhava uma vara para corrigir os netos que subiam nas árvores para apanhar os frutos. Era permitido apanhar os frutos sem subir nas árvores... Em um dos banners estava reproduzida a foto de um time de futebol da cidade. O senhor fez questão de apontar qual deles era o seu pai. "Conheci todos eles", completou.

Finalizamos a quase-conversa que se transformou em uma aula de Educação Patrimonial com o casal revelando que no meio do ano vão voar até à Itália para conhecer as origens. A viagem é um presente do filho que, reconhecendo o esforço do pais ao longo da vida, agora quer retribuir um pouco do que fizeram por ele. Boa Viagem e voltem para contar mais histórias...

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